terça-feira, 17 de abril de 2012


respirou fundo. Morangos, mangas maduras, monóxido de carbono,
pólen, jasmins nas varandas dos subúrbios.
O vento jogou seus cabelos ruivos sobre a cara.
Sacudiu a cabeça para afastá-los e saiu andando lenta em busca de uma rua sem carros, de uma rua com árvores, uma rua em silêncio onde pudesse caminhar devagar e sozinha até em casa.
Sem pensar em nada, sem nenhuma amargura, uma vaga saudade, rejeição, rancor ou melancolia. Nada por dentro e por fora além daquele quase-novembro, daquele sábado, daquele vento, daquele céu azul - daquela não-dor, afinal.
(Caio Fernando Abreu)

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